A 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, com base no voto da desembargadora Maria Regina Nova, aplicou condenação inédita à Gafisa, pelo atraso de 16 meses na entrega de um imóvel.
23/07/2012 | Fonte: JurisWay
A 5ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio, com base no voto
da desembargadora Maria Regina Nova, aplicou condenação inédita à Gafisa, pelo
atraso de 16 meses na entrega de um imóvel. A construtora terá que pagar à
cliente indenização de R$ 20 mil, por danos morais, além de uma multa de 1%
sobre o valor corrigido da unidade. O percentual é o mesmo cobrado
unilateralmente pelas empresas dos mutuários inadimplentes.
A ação de indenização foi ajuizada por Renata Fonseca de Brito. Em 17 de
outubro de 2006, ela firmou com a Gafisa contrato de promessa de compra e venda
para aquisição de um imóvel, no valor de R$ 109.882,00. A conclusão das obras
se daria em março de 2008, com entrega das chaves em abril do mesmo ano, já
observado o prazo de carência de 180 dias. Porém, isso somente aconteceu em 26
de fevereiro de 2010.
Em sua defesa, a Gafisa alegou motivo de força maior para justificar o atraso
na conclusão da obra. E citou, entre outras coisas, a demora na liberação do
seu licenciamento e desvio de materiais e mão-de-obra para a construção da Vila
Pan-americana, em função dos Jogos Pan-americanos.
A sentença de primeira instância julgou procedente em parte o pedido para
condenar a empresa a pagar a Renata R$ 10 mil, por danos morais, atualizados
monetariamente e com juros de mora a partir de então, além do pagamento de
custas e honorários advocatícios fixados em 10% sobre o valor da condenação. No
entanto, a aplicação da multa, pedida pela cliente, foi negada.
Inconformada, Renata recorreu à segunda instância pedindo o aumento da
indenização e o pagamento da cláusula moratória. Ao analisar a apelação, a
relatora do processo, desembargadora Maria Regina Nova, concluiu que a cláusula em
contrato de adesão, que confere vantagens tão somente em favor do construtor no
caso de inadimplência do comprador, caracteriza abuso.
É inegável que a demora demasiada na entrega do imóvel (16 meses), repita-se,
após o período de 180 dias intitulado no contrato de carência, fez com que a
apelante despendesse valores que, certamente, não gastaria caso já se
encontrasse no imóvel, ou ainda, que deixou de auferir possíveis rendas que
faria jus caso
realizasse contrato de locação do bem com terceiro, escreveu a desembargadora
em seu voto.
Sendo assim, segundo a relatora, a condenação da construtora ao pagamento de
indenização, nos mesmos moldes em que o contrato prevê em seu favor, é a
solução mais adequada e justa para compensar o comprador pelas perdas que
sofreu. A desembargadora concordou também com o pedido de aumento da
indenização e dobrou o seu valor.
Processo 0152354-56.2010.8.19.0001
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